IMPROVISO [28]
Tantas coisas trago na memória e tão poucas me chegaram pela íris. Ofereci morangos suculentos, recém-colhidos da terra. Em meio à névoa, provaste mais de um pedaço do meu coração. Quando o sumo do fruto pareceu menos doce, cuspiste, abrindo sulcos no chão. Que aspecto tem um quadro pintado ao por do sol? O campo é apenas miragem, emoldurada pelo sonho. Enquanto aviões derramavam venenos sobre a plantação, uma represa, ali perto, estourava. Hoje volto ao campo, entumecido de veneno, lavado pela enchente. Dos morangos sobraram memórias, imagens que não chegaram pela íris. Sou frutificador a procura de sementes. Imagem : Free-Photos / CC0 / imagem alterada